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Consequências do HIV/SIDA enfraquecem estrutura familiar – afirma Maria da Luz Guebuza
19
Ago
2012
19 - Ago - 2012



As consequências directas da pandemia do HIV/SIDA são visíveis e reflectem-se, sobretudo, no enfraquecimento da estrutura familiar e do tecido social. No aumento de crianças órfãs e vulneráveis e na debilitação das pessoas em idade produtiva.

 

Esta afirmação é da Primeira- Dama, Maria da LUZ Guebuza, na cimeira das esposas dos chefes de Estado e de Governo da SADC a decorrer desde ontem em Maputo.
A Primeira – Dama considerou o HIV/SIDA uma triste realidade no mundo, na região e em Moçambique de modo particular, onde afecta sobretudo as mulheres, as crianças e os idosos. Segundo Maria da Luz Guebuza, a transmissão vertical da pandemia é a forma mais significativa e frequente de infecção das crianças nos países africanos, construindo para o aumento da taxa de mortalidade de menores de cinco anos.
Se não houver nenhuma intervenção firme, rápida e corajosa, a taxa poderá chegar aos 50 por cento, agravando os problemas de saúde, com a prevalência de doenças como malária, diarreias, entre outras que ceifam a vida das crianças. Disse que a reflexão e a troca de experiências sobre a prevenção da transmissão do HIV da mãe para o filho deve servir de plataforma para inspirar cada vez mais os governos da região a fortalecerem sinergias na área da saúde para que juntos possam encontrar soluções viáveis e sustentáveis no combate a este flagelo.
“ Porque sim, é possível que as nossas crianças de hoje, promotoras de do desenvolvimento do amanhã, nasçam sem HIV. Zero novas infecções por HIV é possível, sim. Somos todos chamados a redobrarmos os nossos esforços, porque se não agirmos rápido vamos perigar a materialização dos Direitos da Criança e não alcançarmos as metas de desenvolvimento tão almejadas”, disse.
Maria da Luz Guebuza afirmou que a adopção da declaração política ao mais alto nível em Nova Iorque, pelas Nações Unidas, em Junho de 2011, espelha o compromisso assumido pelos Estados-membros no cumprimento das metas ambiciosas aprovadas, que visam alcançar zero novas infecções por HIV e prolongar a vida da mãe.
As esposas dos chefes do estado e de Governo da SADC reiteraram o cometimento para a eliminação do HIV da mãe par filho, contribuindo para o alcance das metas definidas na região até 2015. Essas metas visam fundamentalmente reduzir a transmissão vertical a menos de cinco por cento e aumentar o acesso universal ao tratamento anti-retroviral até 90 por cento das mulheres grávidas elegíveis.
Aliás, no final da cimeira as esposas dos chefes de Estado e de Governo da SADC adoptaram a Declaração de Maputo, reiterando o cometimento para uma geração livre do HIV.
“ Queremos apelar aos nossos Governos, á sociedade civil, ao sector privado, aos parceiros nacionais e internacionais para unirmos esforços de modo a garantirmos que mais mulheres grávidas se beneficiem dos serviços de prevenção de transmissão do HIV da mãe para filho, mais pessoas adiram e permaneçam no tratamento anti- retroviral e mais crianças sejam inscritas e beneficiem do tratamento pediátrico”, disse Maria da Luz Guebuza advogando que se deve apostar na mudança de comportamento , na testagem e aconselhamento com elementos fundamentais para evitar novas infecções pelo HIV.

 


Testemunha fala do sucesso

No encontro das esposas dos chefes de Estado e de Governos da SADC não faltou espaço para uma testemunha falar do sucesso dos anti-retrovirais na sua vida. Ajudaram-lhe a ter uma filha seronegativa, para além de terem melhorando a sua qualidade vida. Trata-se de Olívia Mavie, 32 anos, que contou a sua experiência na primeira pessoa.
“ Vivo há nove anos graças aos anti- retrovirais . O tratamento trouxe mudanças na minha vida. Para mim os medicamentos anti-retrovirais significam vida ”, disse.
Conheceu o programa Dream da Comunidade de Sant Egídio em 2003, onde teve a oportunidade de fazer as análises e finalmente iniciar a terapia.
Passados três anos foi surpreendida com uma gravidez. Entrou para o programa de prevenção vertical e teve uma bebé seronegativa.
“ Sou testemunha de vida nova, daquilo que o acesso ao tratamento com terapia tripla pode nos dar. Minha filha esta bem, é saudável, inteligente e boa aluna na escola. Gostaria que o programa de prevenção vertical chegasse a todos os países, até nas áreas mais remotas. Juntos, agora, podemos fazer histórias. Algumas decisões estão em nossas mãos ”afirmou.


Impacto sócio-económico

Sobre o impacto socieconómico do HIV/SIDA, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, disse que em termos de visão de desenvolvimento, para além da contínua manutenção da paz e unidade nacional, do desenvolvimento do capital humano, do desenvolvimento económico a da boa governação, Moçambique tem estado a apostar no fortalecimento das infra-estruturas de transporte como pilar de suporte ao desenvolvimento.
É assim que desde a independência o país tem estado a apostar no desenvolvimento de corredores de transporte ligando não só o território nacional, mas também os países vizinhos e ao mundo, através dos principais portos de Maputo, Beira e Nacala. O investimento na revitalização, modernização e ampliação da sua capacidade transformou estes corredores num verdadeiro vector de desenvolvimento, sem o qual é impossível projectar o crescimento económico nacional e regional ou alcançar-se uma integração regional plena dos países da SADC.
Contudo, segundo Aiuba Cuereneia, apesar do papel indispensável dos corredores para o desenvolvimento de cada um dos países membros, reconhece-se como preocupação o alto risco de infecção pelo HIV que a facilidade de circulação de pessoas e bens e a intensa mobilidade de pessoas de alto e outros dentro da região pode provocar.


Sonho de todas as famílias é de ter um mundo de paz

INTERVINDO na cimeira, o Ministro da Saúde Alexandre Manguele, disse que o sonho de todas as famílias, em particular o da mulher e mãe, é o de ter um mundo cheio de paz, alegria, carinho e muita saúde para os seus filhos. Assim, a todos cabe a tarefa de ajudar e contribuir para que este sonho se realize no mundo e em particular na região.
“ Contudo, a pandemia do HIV/SIDA tem vindo a frustrar os nossos esforços de levar este sonho para os nossos povos, em particular para as nossa mães, mulheres e crianças”, disse.
Afirmou, a pandemia do HIV tem uma distribuição á escala planetária afectando todas as idades, etnias e religiões, independentemente do seu nível académico e socioeconómico. Calcula-se que no mundo, em 20122, 2.5 milhões de pessoas tenham ficado infectados com o vírus do HIV. Entre estas, 330 mil eram crianças.
Alexandre Manguele afirmou que é importante notar que mais de metade das novas infecções e de mortes pelo HIV/SIDA ocorrem na região da África subsaariana, em particular na região. Moçambique enfrenta uma epidemia generalizada do HIV, com uma prevalência de 11.5 por cento em adultos dos 15-49 anos de idade, 1.2 por cento em crianças dos 0-14anos.
O número de pessoas vivendo com o HIV/SIDA no país é de 1.4 milhão, das quais 200 mi9l são crianças e 550mil são homens muitos dos quais na idade produtiva. Mais de 850mil são mulheres, sendo 15 por cento a prevalência em mulheres grávidas com grandes variações entre as regiões e províncias.
Segundo o ministro da Saúde, estas estatísticas mostram que o HIV/SIDA não é apenas um grave problema de saúde pública. O HIV/SIDA contribui para agravar a pobreza e ameaça o esforço de desenvolvimento socioeconómico do nosso país.
Ao afectar mulheres e crianças de forma tão dramática e impiedosa, o HIV/SIDA abala as fundações do nosso futuro.
“ Retira-nos o nosso maior capital. Retira-nos a nossa maior riqueza e interfere com o desenvolvimento da nação. Interfere na transmissão normal dos nossos valores, tradições e experiencias”, disse.
Para fazer face ao sofrimento dos moçambicanos e travar o avanço da pandemia, segundo Alexandre Manguele, o Governo identificou áreas de actuação com a sociedade civil, parceiros de cooperação e pessoas vivendo com o HIV/SIDA. Tem realizado várias intervenções direccionadas para a prevenção, tratamento, cuidados, mitigação e redução do risco e da vulnerabilidade dos moçambicanos.
A elaboração do plano Estratégico Nacional (PINIII) e estratégia da Aceleração da prevenção como documentos orientadores nacionais visam o envolvimento e realização de acções coordenadas a todos os níveis. Alexandre Manguele disse que o combate ao HIV/SIDA exige que sejam criadas, com imaginação, audácia e ciência, novas parcerias para pôr de pé acções integradas e mais efectivas.
O Ministro da Saúde afirmou que em 2011 foram alcançados avanços assinaláveis no domínio da prevenção, concretamente no aconselhamento e testagem em saúde, onde foram cobertos cerca de quatro milhões de utentes. A expansão da circuncisão masculina tem beneficiado cerca de 62mil utentes desde o início do programa e na área do tratamento anti-retroviral, que está sendo actualmente fornecido em 294 unidades sanitárias e que cobre 46 por cento da população elegível.
Em relação ao PTV, o país iniciou a implementação desde programa em 2002 e actualmente conta com 1.063 unidades sanitárias com consulta pré-natal. Em 20122, Moçambique endossou a iniciativa Global de Eliminação da Transmissão Vertical, onde a comunidade internacional se comprometeu a acelerar o progresso no sentido da eliminação da transmissão vertical.
Porém, para o alcance dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio muito ainda terá de ser feito, com maior destaque para a melhoria do PTV através de opções mais efectivas que tenham em conta a sobrevida materna.
“ Queremos que as mães seropositivas tenham seus bebés livres do HIV e tenham uma qualidade de vida que permita cuidar bem das suas crianças”, disse o ministro.
O aumento da cobertura do TARV (Tratamento Anti- Retroviral) com maior enfoque para as crianças e mulheres grávidas e a melhoria da adesão aos cuidados e ao tratamento constituem grande prioridade para o governo moçambicano. Com vista a redução da mortalidade materno e infantil, acções paralelas e integradas estão sendo desenvolvidas contra outras doenças como a malária a tuberculose e as doenças não transmissíveis e negligenciadas.
Alexandre Manguele afirmou que para se alcançar os sucessos é preciso conhecer bem as capacidades do país.“ Precisamos de como região, identificar aos boas práticas e experiências. Precisamos de nos comunicar mais rápido e melhor. Por outro lado, temos como principais desafios, para o acesso universal o reforço dos recursos humanos em qualidade e quantidade, a expansão e o aumento da cobertura da rede sanitária, o apoio internacional contínuo, tendo em consideração as novas opções terapêuticas e de acompanhamento clínico e laboratorial, o aumento do orçamento do sector da saúde e de redução do estigma e da discriminação e o maior envolvimento das pessoas vivendo com o HIV e SIDA”, defendeu.
Alocação de mais recursos para os programas de prevenção de tratamento e investigação sobre o SIDA deve continuar a ser prioridade, disse o Ministro, acrescentado que os preços dos medicamentos não inviabilizem este projecto, já que um dos problemas centrais esta luta é o do acesso aos cuidados que permitem uma significativa melhoria da esperança e da qualidade de vida dos doentes.
O compromisso do Governo para com a eliminação da transmissão vertical em Moçambique visa promover e alcançar os direitos da criança moçambicana á vida e a saúde.

 

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