HomeDREAMAgenzia Lusa – Apesar do estigma, jovens com HIV/SIDA refazem as suas vidas
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06 - Lug - 2006



07-07-2006 17:37:00. Fonte LUSA. Notícia SIR-8151979

Manuel Matola, da Agência Lusa Maputo, 07 Jul (Lusa) – Um conflito familiar causou-lhe, em 2000, uma detenção infundada durante 14 meses, mas Issufo foi buscar a esta experiência e ao HIV/SIDA, que entretanto contraiu, forças para apoiar vítimas desta doença que afecta 16 por cento dos moçambicanos.

Issufo, 30 anos, foi preso, em 2000, acusado pela família da sua primeira mulher, com quem teve uma filha, de ter tentado matá-la.

Já depois de ter sido absolvido, o jovem soube que era portador do vírus da SIDA, e, rapidamente viu o seu estado de saúde deteriorar-se.

Actualmente, beneficia gratuitamente do tratamento anti- retroviral, que retarda os efeitos da doença, fornecido pela comunidade religiosa italiana, Sant’Egídio, através do seu projecto DREAM.

A injusta detenção atrasou-lhe a vida e os sonhos mas, em contrapartida, estimulou-lhe o activismo: Issufo é hoje um dos activistas de Sant’Egídio, prestando apoio a 30 reclusos seropositivos de três penitenciárias de Maputo, entre as quais a BO, a cadeia de máxima segurança da Machava.

"A ideia de ir às cadeias era para ajudar os presos, porque eles têm uma vida muito difícil", refere, lembrando que a direcção da penitenciária, "normalmente, interdita a saída dos prisioneiros por temer fugas".

Issufo, que falava hoje à Lusa à margem da visita do enviado especial da Nações Unidas para a área do SIDA em África, Stephen Lewis, lembrou que no pior período da infecção chegou a pesar 42 quilos, mas, nos últimos tempos recuperou o peso para os 75 quilos, em resultado do tratamento com antiretrovirais.

Também Cacilda, 28 anos, outra activista do projecto DREAM, viu uma disputa doméstica desfazer-lhe o casamento quando os seus pais acusaram a família do marido de lançar feitiços para lhe causar mal.

"Eu tinha tuberculose e sofria de herpes zoster, mas os meus pais pensavam que a família do meu marido estivesse a enfeitiçar-me", conta Cacilda, lamentando a "ignorância" dos seus progenitores.

"O conflito entre as nossas famílias persiste, mas ele (o ex- marido) dá assistência à minha filha de quatro anos", também portadora do vírus de SIDA, diz.

"O meu marido sabe qual é a minha situação, mas nunca mais aceitou a reconciliação por ter sentido que a sua família foi injustiçada", acrescenta.

Cacilda diz ter "recuperado muito bem", nomeadamente o peso, graças aos antiretrovirais, e acredita que poderá melhorar a sua vida.

"Quero ter a minha independência. O casamento é importante, mas não é essencial. O essencial é sentirmo-nos realizados", diz quando questionada sobre o futuro.

Moçambique é um dos países mais afectados pelo HIV/SIDA na África Subsahariana, com uma seroprevalância estimada em 16,2 por cento, segundo o último estudo do governo sobre a doença, realizado em 2004.

Entre os 1,4 milhões de casos recenseados, 800 mil são mulheres.

Lusa/fim

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