HomeDREAMAgenzia PlusNews (Mozambico) – Médica premiada em Itália, celebrada em Maputo
08
Mar
2007
08 - Mar - 2007



© P.Rolletta/PlusNews
Dra. Noorjehan Abdul Magid: “A nossa mulher número um”.

MAPUTO, 8 Março (PLUSNEWS) – Com apenas dez anos, prometeu a si mesma que seria médico. Tinha ficado impressionada pela competência e a generosidade da médica que tratou do seu avô. As mulheres podiam ser tão competentes quanto os homens.

Aquela promessa ficou bem clara na cabeça de Noorjehan Abdul Magid e fez tudo por cumprir. E a família, embora muçulmana e tradicionalista, não a contrastou até à licenciatura em medicina em 1998, na única faculdade em Moçambique.

A epidemia da Sida estava a explodir no país. Abdul Magid foi uma das primeira médicas moçambicanas a administrar o tratamento antiretroviral em 2002 no centro DREAM, da Comunidade Sant´Egidio, em Machava, na periferia de Maputo.

Por isso, hoje, no Dia Internacional da Mulher, a Associação “Mulheres para o DREAM”, celebra com uma festa em honra dela.

“Ela é o nosso símbolo, a nossa mulher número um”, disse a activista seropositiva Ana Maria Muhai ao PlusNews.

A doutora Nurja, como é chamada carinhosamente pelos pacientes, tem 35 anos.

Em Dezembro, Abdul Magid foi galardoada na Val da Aosta, Itália, com o segundo prémio de Melhor Mulher do ano 2006. Reconhecida pelo seu trabalho em melhorar a vida das pessoas que vivem com HIV em Moçambique, ganhou uma targa e um valor monetário.

Participaram no concurso 25 mulheres de todos os continentes, destacando-se três seleccionadas pelo júri, uma russa, uma argentina e uma moçambicana.

Natty Petrosino, de Buenos Aires, ganhou o primeiro e a doutora Nurja o segundo “pelo seu empenho de mulher muçulmana que ajuda Moçambique a renascer, tornando-a uma figura de referência para toda África.”

Incansável

Abdul Magid é desde 2001 directora clínica do hospital geral da Machava e desde 2002 trabalha no programa DREAM, aquando da introdução da terapia antiretroviral no país.
“No início era difícil porque não tínhamos ninguém no país que poderia servir de exemplo para convencer as pessoas a optarem pelo tratamento.
Eram as nossas palavras que tinham que convencer as pessoas, mas como estavam de facto doentes e tinham consciência disso, começaram a experimentar o tratamento numa de ‘vamos ver se isso vai dar”, conta Abdul Magid.

Hoje o programa DREAM em Machava atende três mil pacientes.

Incansável, Abdul Magid está a fazer o doutoramento em doenças infecciosas.

Da assistência no hospital ao hospital dia, das visitas domiciliárias à reabilitação psicológica, a vida da doutora Nurja é um engajamento total “para que quem sofre de SIDA não seja mais vítima do desprezo, afastado e considerado anormal.”

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