Savana (Moçambique) – Matteo Zuppi e o Acordo Geral de Paz
Mateo Zuppi e o AGP
Savimbi tentou o modelo moçambicano
Simples, generoso e directo, Mateo Zuppi, uma das traves mestras da Comunidade de Sant’Egídeo em
Trastevere, no centro de Roma, fala uma vez mais para o SAVANA, como se o Acordo Geral de
Paz(AGP) tivesse acontecido ontem. Aqui deixamos as suas respostas editadas e com os
complementos que a poeira do tempo permitiu estabelecer. Como o Ruanda, o Burundi e a Angola
Savimbi e José Eduardo dos Santos.
Se tivessem de começar de novo fariam da mesma maneira?
Sobre as conversações penso que faríamos o mesmo, talvez tentássemos ganhar um pouco de tempo,
mas pensamos também que foi necessário perder um pouco de tempo para chegar a um acordo maduro,
porque isso não é químico.
Há talvez alguns aspectos do acordo que deveriam ter sido abordados com mais cuidado, mas digamos
que não houve grandes problemas na aplicação.
Discuti muitas vezes com Aldo Ajello (ainda há duas semanas estivemos juntos), e ele agora é enviado
para o conflito dos Grandes Lagos. Ajello costuma referir-se ao Acordo de Roma como método e também com
algumas soluções de conflito.
Mas era mesmo necessário todo aquele tempo?
À época, quase todos estávamos convencidos que no Natal de 1990 chegava a paz. Quando começámos
em Julho (de 1990) tínhamos a sensação que teríamos uma solução mais ou menos rápida. Vendo acordos
de outras situações vejo que levaram muito mais tempo e sem resultados.
Havia uma grande envolvente. Pedimos às igrejas para nos enviarem cartas para dizerem basta, chega …
foram milhares de cartas assinadas e recebidas nas paróquias e que foram trazidas à mesa das
conversações.
É verdade que Raul Domingos viu uma carta assinada pelo seu próprio pai?
É verdade e pode-lhe perguntar como ele ficou … ele que não falava com o pai há imenso tempo para não
lhe criar dificuldades. Isto para dizer que pressionámos muito … mas de facto precisámos de mais de dois
anos para amadurecer um acordo que desse certo. Tinha de haver tempo para que