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Natal do recluso: Quase tudo é útil para que ele não se torne inútil!
22
Dic
2008
22 - Dic - 2008



Quase tudo é útil para que os reclusos não se tornem inúteis. Com este “pano-de-fundo” as autoridades responsáveis pelas prisões foram surpreendidas por uma iniciativa que partiu de vários quadrantes da Sociedade. O movimento iniciou-se com uma grande espontaneidade, está em marcha e tende a ser imparável: o Natal do Recluso!

Maputo, Segunda-Feira, 22 de Dezembro de 2008:: Notícias

O objectivo é, através da festa, humanizar a situação de reclusão. Não transformando os presos em heróis – porque não o são – mas contribuindo para a sua não estigmatização. Os destinatários são de todas as religiões e extractos sociais. Os organizadores pretendem encetar essa acção que veio para ficar, representando, na prática, o reencontro daqueles que por razões diversas se encontram privados da sua liberdade.

A RECLUSÃO

Não recebem cartões de boas-festas, poucos têm acesso à informação mínima e em regra a alimentação não é a desejável. Vêem, segundo a gíria, o “sol aos quadradinhos”. A reclusão foi a fórmula que a Sociedade encontrou para que o cidadão que cometeu um qualquer crime o expie, na medida da sua gravidade.

A luta, nesta altura, é buscar formas de transformar a reclusão em algo que faça o infractor reflectir sobre o mal que causou a outrém, para depois se reinserir como alguém que pode, e deve, ser útil a si mesmo, à sua família, ao País e ao Mundo.

E se é verdade que a reclusão é algo duro e a que ninguém se habitua, a reintegração na família e na sociedade, muitas vezes, é extremamente penosa. E por vezes frustrante, o que pode propiciar condições para uma não adaptação e, como consequência, o estímulo a actos que reconduzam o cidadão aos calabouços.

O Natal e o fim-do-ano são momentos em que nos sentimos bem em família. Mas não só com a que temos em casa, mas com a que co-habitamos em todo o país: a família moçambicana. Nesta altura os corações tornam-se mais sensíveis e a sociedade mais humana. É este o momento do reencontro de cada um consigo mesmo e com o próximo. O movimento pretende aproveitar o ensejo para tornar menos penosa a condição dos detidos, menos vingativas as suas mentes e mais fácil a sua regeneração.

SE A OCASIÃO FAZ O LADRÃO…O AFECTO FAZ O (BOM) CIDADÃO!

Os religiosos, com as suas igrejas, vão na vanguarda e os homens de boa vontade seguem-nos. O arcebispo, Dom Francisco Chimoio, reza uma missa na BO, a Comunidade de Santo Egídio, as Igrejas Maná, Universal e outras, desdobram-se em cerimónias relacionadas com os desfavorecidos, reclusos incluídos.

Das mais multifacetadas formas, os cidadãos são chamados a participar. Com quê?

Somos convidados a ofertar chinelos, sabão, detergente, roupa, jornais, revistas, alimentos… enfim, tudo o que se calhar pouca falta nos faz, mas que poderá ser muito para quem se encontra diariamente com a solidão, no chão frio das cadeias, um pouco por todo o país.

Uma mensagem, um afecto e quaisquer outras manifestações, são pequenos gestos que ajudarão a humanizar cidadãos que em momentos de crise se desviaram dos normais comportamentos humanos.

A Comunidade de Sant’Egidio/Moçambique, por exemplo, mantém uma ajuda permanente às cadeias. Por ocasião do Natal tem um vasto programa, nos estabelecimentos prisionais da BO na Machava, Pemba, Tete, Nacala, Lichinga, Maxixe, Nampula, Moatize, Cuamba e Chimoio.

Esta Comunidade tem os seus voluntários espalhados pelo país a receber oferendas.

Lugares de recolha

Maputo: Shoprite; Maxixe: Cadeia; Nampula, em frente à cadeia civil; Cuamba, frenta à Cadeia; Tete, idem; Nacala, idem; Chimoio, em frente do Centro Cultural da rádio comunitária; Moatize, em frente da cadeia; Pemba, na sede Comunidade de Sant’Egidio (ao lado LAM); Lichinga, sede Comunidade de Sant’Egidio,  (em frente da Dir. Prov. Educação).

  • RENATO CALDEIRA

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