HomeDREAMResenha de imprensa
Ana Maria Muhai (1962 – 2013)
21
Apr
2013
21 - Apr - 2013



“A Mulher Coragem de Moçambique”, Ana Maria Muhai, perdeu a vida na madrugada desta terça-feira, 16 de Abril de 2013, vítima de cancro. Tornou-se uma figura incontornável para os moçambicanos dentro e fora do país por ter sido uma das primeiras pessoas a quebrar o silêncio, ao afirmar que era seropositiva. “Eu não aprendi sobre a SIDA numa associação ou nos livros. Aprendi na minha própria pele. A SIDA sou eu!”, dizia isso, com voz poderosa e tenaz, para dar coragem àqueles que tinham medo de fazer o teste, àqueles que não sabiam que existem anti-retrovirais, àqueles que não queriam ouvir sequer pronunciar a palavra SIDA.

Numa entrevista à PlusNews, em 2006, confidenciou: “Quando fiquei doente e sem força, já ninguém comprava na banquinha de verduras e bebidas que tinha montado perto de casa. Todos me apontavam com o dedo e não compravam os meus produtos por medo de se infectarem”.

Os filhos foram sempre a maior preocupação de Ana Maria. “A discriminação que os meus filhos sofreram foi a minha maior dor. Até não me importava que os vizinhos viessem à minha casa a tocar batuque e a cantar canções sobre a SIDA. Se fosse só por mim, não me importava. Mas os meus filhos… sofreram muito”.

Ana Maria Muhai tornou-se um dos mais importantes e conhecidos testemunhos do DREAM, o programa de luta contra o VIH/SIDA e a má nutrição que a Comunidade de Sant’Egidio leva a cabo em Moçambique desde 2002. Ela foi uma das primeiras pacientes, na casinha da Machava. Não há ninguém que não considere Ana Maria o ícone do DREAM e da luta contra o VIH.

“Conto a minha história, eles podem ver com os seus olhos, que estou bem, que tenho força, que posso trabalhar. E mostro a fotografia de quando pesava 29 quilos. Explico-lhes a importância de cumprir todos os conselhos que os médicos dão, de levar uma vida saudável. E os meus vizinhos agora vêm à minha casa, pedem-me conselhos e até me pedem sal…”, contava ela, sempre que apresentasse o seu testemunho.

Nos últimos dez anos Ana Maria liderou eventos de divulgação e pressionou o Governo a tornar as campanhas nos meios de comunicação mais positivas, disse Leslie Rowe, antiga embaixadora dos Estados Unidos em Moçambique, aquando da entrega do prémio ‘Mulher Coragem de 2012’: “Existem duas maneiras de espalhar a luz – ser a vela ou o espelho que a reflecte. É óbvio para mim que esta mulher é uma vela brilhante, não apenas para os moçambicanos, mas para as pessoas, especialmente as mulheres em todo o mundo.”

Ana Maria Muhai deixa oito filhos crescidos.

 

Source: http://www.verdade.co.mz/opiniao/30-obituario/36331-ana-maria-muhai-1962-2013?device=desktop


Faleceu Ana Maria Muhai

 

 Heroina contra Sida.
Ana Maria Muhai, uma das primeiras pessoas a quebrar o silêncio ao anunciar que estava infectada pelo HIV, faleceu na madrugada de terça-feira, vítima de cancro.
Ana Maria Muhai tornou-se uma figura incontornável para os moçambicanos dentro e fora do país, quando deu a cara e assumiu que era seropositiva.

“Eu não aprendi a Sida numa associação ou nos livros. Aprendi na minha própria pele. A Sida sou eu!”, disse, na altura a ora falecida.

A Comunidade de Sant’Egídio refere que Ana Maria Muhai quebrou o silêncio com voz “poderosa e tenaz”, para dar coragem àqueles que tinham medo de fazer o teste e àqueles que não sabiam que existem anti-retrovirais, além dos que não queriam ouvir sequer pronunciar a palavra Sida.

“Ana Maria Muhai tornou-se um dos mais importantes e conhecidos testemunhos do DREAM, o programa de luta contra o HIV/Sida e a má nutrição, que a Comunidade de Sant’Egídio leva a cabo em Moçambique desde 2002”, escreve Sant’Egídio no seu comunicado, realçando que ela foi uma das primeiríssimas pacientes, na Casinha da Machava.

“Não há ninguém que não considere Ana Maria o ícone do DREAM e da luta contra o HIV”, considera o comunicado.

“Conto a minha história, eles podem ver com os seus olhos, que estou bem, que tenho força, que posso trabalhar. E mostro a fotografia de quando pesava 29 quilos. Explico-lhes a importância de cumprir com todos os conselhos que os médicos dão, de levar uma vida saudável. E os meus vizinhos agora vêm a minha casa, pedem-me conselhos e até me pedem sal…”, dizia Ana Maria Muhai, na altura.

Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»

 

Source: http://opais.sapo.mz/index.php/component/content/article/45-sociedade/25007-faleceu-ana-maria-muhai.html


ma-schamba

Os bons leva-os a morte

 

Estamos de luto aqui em casa; choramos a morte de uma irmã. Conheci-a num encontro fugaz, mas a marca que me deixou foi indelével. Cedo hoje o meu postal à Paola Rolletta, sua amiga de longa data e que sempre a acompanhou:

 

Faleceu a minha amiga Ana Maria Muhai. Faleceu de noite. Ela que amava o sol, a luz, a vida. Que sempre sorria e tinha uma palavra divertida para fazer sorrir. Que fez da sua vida “uma obra-prima de amor”.

Tornou-se uma figura incontornável para os moçambicanos dentro e fora do país. Foi uma das primeiras pessoas a dar a cara: “Eu não aprendi a Sida numa associação ou nos livros. Aprendi na minha própria pele. A Sida sou eu!”. Dizia isso, com voz poderosa e tenaz, para dar coragem àqueles que tinham medo de fazer o teste, àqueles que não sabiam que existem antirretrovirais, àqueles que não queriam ouvir sequer pronunciar a palavra Sida.

Jornalistas de todo o mundo íam entravistá-la na sua casa, na casinha da Machava, depois de terem visto e ouvido os seus discursos veementes contra o estigma e para o acesso universal ao tratamento. Até em Nova Iorque nas Nações Unidas! Os vizinhos chamavam-na Luisa Diogo, e ela ria-se. Famosa como uma primeira ministra! A sua grande frustração era não falar inglês, mas dizia que os últimos dez anos de vida valiam como cem anos, tantos os lugares que tinha visitado, tantas as pessoas que tinha encontrado!

Recebeu muitas homenagens pelo mundo fora pela sua coragem, pela sua “fúria de viver”.

No bairro da Machava onde morava com os filhos e a mãe, naquela casa que construiu lágrima após lágrima, tijolo após tijolo, bloco após bloco, choram a grande amiga e conselheria, depois de muito tê-la marginalizada porque seropositiva. Chamavam-na fantasma. Chamavam-na Sidinha. E ela chorava não tanto por ela, mas porque também os filhos eram vítimas da discriminação. “Os vizinhos não deixavam os meus filhos assistirem televisão por causa de mim, por causa da Sida!”.

Trabalhamos juntas, durante muitos anos, com muita cumplicidade e carinho. Com amizade.

Ana Maria Muhai tornou-se um dos mais importantes e conhecidos testemunhos do DREAM, o programa de luta contra o HIV/Sida e a má nutrição que a Comunidade de Sant’Egidio leva a cabo em Moçambique desde 2002. Ela foi uma das primeiríssimas pacientes, na casinha da Machava. Não há ninguém que não considere Ana Maria o ícone do DREAM e da luta contra o HIV. “Conto a minha história, eles podem ver com os seus olhos, que estou bem, que tenho força, que posso trabalhar. E mostro a fotografia de quando pesava 29 quilos. Explico-lhes a importância de cumprir com todos os conselhos que os médicos dão, de levar uma vida saudável. E os meus vizinhos agora vêm a minha casa, pedem-me conselhos e até me pedem sal…”

Um maldito cancro levou-a. Tinha 52 anos.

AL
 

Source: http://ma-schamba.com/1616311.html

NEWSLETTER

Mantieniti in contatto con DREAM

* Campo obbligatorio