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18
Apr
2006
18 - Apr - 2006



 

Luzete Chaúque

Ser pobre é "lixado"… ser mulher pobre mais ainda


Luto com o vírus dentro de mim todos os dias porque quero viver e ver as minhas crianças crescidas.
Credit: Paola Rolletta

Chamo-me Luzete Chaúque e tenho 28 anos. Sou mães de dois filhos. Nasci numa família muito pobre na vida económica, como na espiritual.

Aos 10 anos de idade, comecei a estudar. Não entendia nada daquilo que os professores diziam, porque só pensava no que comer quando voltasse para casa.

Com 17 anos, perdi o meu pai. Fiquei com os meus cinco irmãos. Não havia ninguém que nos ajudasse.

Conheci um rapaz que trabalhava numa padaria. Fui obrigada a ter relações sexuais: dava-me pão em troca de sexo. Sem querer, fiquei grávida. Ele não assumiu a responsabilidade.

A minha situação piorou ainda mais: não trabalhava, não tinha negócio, vivia de esmola. Às vezes ajudava a lavar roupa ou a pilar, às vezes arranjava algo para fazer numa machamba.

Fiz isso até a minha filha Celeste nascer. Não tinha nem sequer sabão. Não tinha roupinhas. Passei por uma humilhação total.

Amor e dor

Em 1995, quando a menina tinha quatro 4 meses, conheci um senhor que vivia no centro de mutilados de guerra. Não tem uma perna e anda numa cadeira de rodas. Começamos a viver juntos – ali mesmo no centro de mutilados. Ajudou-me a criar a minha filha. Hoje ela tem 10 anos e vai a escola.

No ano 2003 tive a segunda gravidez. Fui à consulta pré-natal na Matola 2, onde a Comunidade de Santo Egídio tem o programa da prevenção da transmissão vertical. Perguntaram se eu queria fazer o teste de HIV. Aceitei. O resultado deu positivo.


A vida me deu uma chance: Luzete Chaúque, com o marido, Manuel e o filho mais novo, Rafael.
Credit: Paola Rolletta

Foi muito doloroso. Não queria acreditar. Naquela altura, só se ouvia dizer que ser HIV positivo era uma pena de morte.

Estava a pagar os pecados de todas as minhas relações sexuais: aquelas que trocava por um pedaço de pão.

Eu sabia que não usando a camisinha podia apanhar SIDA. Mas eu não tinha como. Quando és pobre, aceitas tudo. Aceitas sexo sem camisinha; aceitas sexo que não queres; aceitas violações; aceitas tudo por um pedaço de pão.

Ser pobre é "lixado". E ser mulher pobre ainda mais.

Quando cheguei à casa, mostrei o resultado ao meu marido. Ele ficou muito assustado.

Disseram-me que se começasse a tomar antiretrovirais a minha crian&cced

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