Lusa
Doentes de sida e defensores do acesso universal ao tratamento anti-retroviral vão marchar quinta e sexta-feira..
Maputo, 09 Set (Lusa) – Doentes de sida e defensores do acesso universal ao tratamento anti-retroviral vão marchar quinta e sexta-feira em sete cidades moçambicanas contra a decisão do Governo de fechar as unidades especializadas no atendimento da doença. lt
O Ministério da Saúde de Moçambique decretou em Julho último o encerramento das unidades de consulta especializadas de HIV/sida nos hospitais públicos moçambicanos, integrando os serviços nas consultas comuns.
As autoridades sanitárias justificaram a medida com a necessidade de não separar os doentes de sida e proteger-los de discriminação, além de o modelo das consultas especiais não ser compatível com o Sistema Nacional de Saúde.
Os activistas do acesso universal ao tratamento de sida contestaram a decisão, considerando-a discriminatória, argumentando também que não protege a privacidade e acarreta riscos de os doentes não serem atendidos, com risco de desistências do tratamento.
Na altura, realizaram-se marchas de protesto em Maputo e Beira, as duas principais cidades de Moçambique, e em Quelimane, quarta maior cidade do país, com a participação de cerca de quatro mil pessoas.
Para quinta e sexta-feira estão agendadas marchas em mais sete cidades do sul, norte e centro do país, com o objectivo de “alertar a sociedade sobre os prejuízos que a decisão está a provocar nos doentes”, disse hoje à Lusa César Mufanequiço, coordenador do Movimento do Acesso ao Tratamento Anti-Retroviral em Moçambique.
“Também serve para mostrar ao Governo que os activistas pró-tratamento não aceitam as manobras de entretenimento”, acrescentou César Mufanequiço, considerando “muito genéricas as respostas do Governo” às preocupações dos seropositivos.
Segundo o coordenador do Movimento do Acesso ao Tratamento Anti-Retroviral em Moçambique, muitos seropositivos podem ter morrido e outros desistido do tratamento, na sequência do encerramento das consultas especiais.
Estatísticas oficiais indicam que, em Moçambique, apenas 145 mil seropositivos recebem medicamentos para a sida, face a 300 mil que necessitam de tratamento de um universo de 1,5 milhão de moçambicanos infectados pelo vírus HIV.