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Marcha seropositivos
10
Set
2009
10 - Set - 2009



Chimoio, Manica, 11 Set (Lusa) – A Polícia moçambicana na província de
Manica impediu hoje uma manifestação pacífica convocada por organizações
ligadas ao combate à SIDA, alegadamente por a marcha não ter sido autorizada
e constituir um atentando à segurança pública.

Um contingente policial fortemente armado paralisou o grupo de manifestantes
e forçou-o a dispersar quando percorria as ruas de Chimoio entoando hinos e
transportando faixas com mensagens de protesto contra o que considera o mau
atendimento dos seropositivos nos hospitais públicos e a falta de resposta
do Governo moçambicano para promover mudanças.

“Estamos surpresos e indignados com a atitude da polícia ao inviabilizar a
manifestação pacífica para promover o bem-estar dos seropositivos no país.
Isso também é estigma, que queremos combater”, disse à Agencia Lusa Matias
Simbe, da organização.

“Nós pedimos autorização e a polícia diz que a carta se terá perdido entre o
comando da PRM (Polícia da República de Moçambique) e a esquadra que devia
ceder a protecção”, e entretanto “exigiu hoje que entregássemos a lista dos
participantes e indicasse a proveniência de todos, algo que não é comum
quando se realizam manifestações”.

Numa carta datada de 10 de Setembro, o Conselho Municipal da Cidade de
Chimoio autorizou a realização da manifestação e cedeu igualmente a polícia
municipal para proteger a marcha. A polícia municipal esteve no local da
manifestação.

O porta-voz do comando da PRM em Manica, Pedro Jemusse, disse, em declaração
à Lusa, que a instituição desconhecia a realização da manifestação.

“Não recebemos nenhuma carta de solicitação de protecção. O grupo só se fez
à rua e isso podia perigar a segurança pública. Tivemos que intervir e assim
que remeterem a carta serão autorizados a marchar”, explicou Jemusse.

A manifestação, organizada pelas ONG MATRAM (Movimento para Acesso ao
Tratamento em Moçambique) e EuDream, pretendia reivindicar melhorias no
atendimento e no tratamento dado aos seropositivos.

Os manifestantes levavam uma carta de apelo para a direcção provincial de
saúde, um dos sectores, segundo o grupo, onde é visível o cúmulo do estigma
e discriminação dos seropositivos, que no entanto chegou a não ser entregue.

A rede afirma que cerca de 15 por cento dos seropositivos que estavam a
receber tratamento antiretroviral (TARV) em Manica abandonaram os
tratamentos.

“Isso deu-se porque em Março de 2008 o ministro da Saúde decidiu fechar os
hospitais-dia exclusivos para seropositivos e desmantelar a rede de apoio
das ONG. Agora o estigma é mais visível do que nunca”, disse à Lusa Telma
Nhamageu, representante da EuDream.

Manifestações do género já ocorreram em Maputo e Beira, em Agosto, e em
Nampula na quinta-feira. Para hoje, além de Manica, foram realizadas
manifestações em Lichinga e Pemba (norte), Tete, Quelimane (centro) e Xai-
Xai e Inhambane (sul).

Cassilda Massango, da EuDream, disse à Lusa que a única que registou
problemas foi a marcha de Manica, tendo também a representação do governo em
Pemba “recebido mal” os manifestantes. Nos outros locais “correu bem”, disse.

 

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