Radio Moçambique
Seropositivos agendam marcha em sete cidades de Moçambique
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Doentes de sida e defensores do acesso universal ao tratamento anti-retroviral vão marchar quinta e sexta-feira em sete cidades moçambicanas contra a decisão do Governo de fechar as unidades especializadas no atendimento da doença.
O Ministério da Saúde de Moçambique decretou em Julho último o encerramento das unidades de consulta especializadas de HIV/sida nos hospitais públicos moçambicanos, integrando os serviços nas consultas comuns.
As autoridades sanitárias justificaram a medida com a necessidade de não separar os doentes de sida e protegê-los de discriminação, além de o modelo das consultas especiais não ser compatível com o Sistema Nacional de Saúde.
Os activistas do acesso universal ao tratamento de sida contestam a decisão, considerando-a discriminatória, argumentando também que não protege a privacidade e acarreta riscos de os doentes não serem atendidos, com risco de desistências do tratamento.
Na altura realizaram-se marchas de protesto em Maputo e Beira, as duas principais cidades de Moçambique, e em Quelimane, quarta maior cidade do país, com a participação de cerca de 4.000 pessoas.
Para quinta e sexta-feira estão agendadas marchas em mais sete cidades do sul, norte e centro do país, com o objectivo de "alertar a sociedade sobre os prejuízos que a decisão está a provocar nos doentes", diz César Mufanequiço, coordenador do Movimento do Acesso ao Tratamento Anti-Retroviral em Moçambique. "Também serve para mostrar ao Governo que os activistas pró-tratamento não aceitam as manobras de entretenimento", acrescenta César Mufanequiço, considerando "muito genéricas as respostas do Governo" às preocupações dos seropositivos.
Segundo o coordenador do Movimento do Acesso ao Tratamento Anti-Retroviral em Moçambique muitos seropositivos podem ter morrido e outros desistido do tratamento, na sequência do encerramento das consultas especiais.
Estatísticas oficiais indicam que, em Moçambique, apenas 145.000 seropositivos recebem medicamentos para a sida, face a 300.000 que necessitam de tratamento de um universo de 1,5 milhão de moçambicanos infectados pelo vírus HIV.