LUSA (Moçambique)
A Comunidade de SantEgidio reinaugurou hoje, na capital moçambicana, o laboratório de biologia molecular do Centro DREAM
Maputo, 25 nov (Lusa) – A Comunidade de Sant’Egidio reinaugurou hoje, na capital moçambicana, o laboratório de biologia molecular do Centro DREAM para a Criança de Maputo, o único no país a processar amostras de carga viral, essenciais ao tratamento do HIV/SIDA.
Aproveitando a visita a Moçambique, durante a qual assinou um memorando de entendimento com o Ministério da Justiça para a implementação do Programa internacional BRAVO! de registo civil de crianças, além de inaugurar o Centro DREAM em Nampula, norte, o fundador da Comunidade de Sant’Egidio, Andrea Riccardi, reinaugurou hoje o laboratório do Centro DREAM em Maputo.
A infraestrutura destinada ao tratamento do HIV/SIDA, um dos principais focos de trabalho da comunidade que, desde há muitos anos, desenvolve programas de apoio gratuito à população moçambicana, como o DREAM, já existia desde julho de 2006, mas ficou destruída depois de um violento incêndio em janeiro deste ano.
Segundo o coordenador do Centro DREAM, Flávio Ismael, mantêm-se os avançados equipamentos com que já funcionava, sendo que a grande novidade reside apenas nos “estudos de resistência aos medicamentos”.
Atualmente, o laboratório assiste 30 mil doentes de HIV/SIDA e continua a ser o único no país a processar amostras de sangue para determinar a carga viral do paciente, chegando a realizar 100 amostras por dia (cerca de 2500 por mês), conforme explicou a diretora executiva do centro, Paola Germano.
Mas o laboratório efetua também diagnósticos precoces do HIV/SIDA em crianças (PCR’s), rondando os 300 por mês, testes de bioquímica para monitorizar os efeitos dos antirretrovirais, e ainda o levantamento das células de defesa (cerca de 300 por mês) nos doentes, cujas amostras chegam muitas vezes de outros centros e unidades de saúde.
“O grande desafio do país é ter um sistema de qualidade, não apenas o tratamento, mas o seguimento dos doentes”, considerou Paola Germano, que exemplificou com a comunidade, que tem uma “abordagem global”, acompanhando os pacientes ao nível da assistência domiciliária, nutricional, entre outras.
Em representação do ministro da Saúde, Rosa Marlene reconheceu o “grande contributo” que o centro da Sant’Egidio tem dado para a “melhoria do controlo de qualidade”, além de apoiar também na formação de quadros superiores.
“É um laboratório de excelência e os nossos trabalhadores da saúde precisam de formação, de ver o que é tecnologia de ponta”, defendeu.
Tecnologia que, sublinhou ainda a mulher do Presidente moçambicano, Maria da Luz Guebuza, após reinaugurar o laboratório, “está à disposição de outras instituições”, reafirmando o compromisso juntamente com o Governo “em prol da qualidade de vida”.
A Comunidade de Sant’Egidio tem, atualmente, 150 centros espalhados por todas as províncias, sendo que, só o de Maputo assiste três mil pessoas e trata 500 crianças.
De acordo com o Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre a SIDA (INSIDA), lançado em julho, 11 por cento da população moçambicana está infetada pela doença.
No entanto, o relatório da ONUSIDA, divulgado na terça-feira, refere que a prevalência da doença em Moçambique diminuiu 25 por cento.