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Entre Roma e Moçambique
04
Mar
2012
04 - Mar - 2012



Comunidade católica de Sant’Egidio completa 44 anos apoiando programas de cooperação na Itália e em países do continente africano

di Gina Marques

Era 1968, o ano dos jovens revolucionários, quando um grupo de estudantes guiados por Andrea Riccardi fundou a Comunidade de Sant’Egidio, em Roma. Três anos antes, a Igreja Católica havia passado pela reforma do Concílio Vaticano II, no qual os bispos do mundo inteiro discutiram a renovação na instituição. A rebeldia que contagiava os rapazes e moças em 1968, para este grupo, tinha mais uma motivação, um de-safio maior: combater a pobreza e procurar a paz, em Roma, na Itália, e no mundo.
Devido a tantos êxitos diplomáticos, a Comunidade de Sant’Egidio é conhecida como as Nações Unidas de Trastevere, bairro no coração da capital italiana.
O sucesso da comunidade foi reconhecido até pelo premier Mario Monti, que nomeou Andrea Riccardi ao cargo de ministro da Integração e da Cooperação. Sem contar que grandes personagens que marcaram a história da Itália, como o ex-presidente Oscar Luigi Scalfaro, apoiaram a organização. A Igreja de Sant’Egidio, na capital italiana, foi o palco de celebração do último adeus a Scalfaro, antes do funeral realizado no último dia 30 de janeiro. Além disso, na véspera do aniversário dos 44 anos da fundação (completados em 1º de fevereiro), o Papa Bento XVI nomeou o padre Matteo Zuppi — membro da Comunidade de Sant’Egidio — bispo auxiliário da diocese de Roma.
Com o prestígio, vieram também as más línguas acusando a Comunidade de fazer lobby. — Nós somos lobby? Sim, mas para apoiar os pobres. O poder político e financeiro não nos interessa — respondeu imediatamente Marco Impagliazzo, o presidente da Sant’ Egidio.
A Comunidade de Sant’Egidio mantém a sede em Roma, e é uma das realidades eclesiásticas que trabalha em todos os continentes com programas de cooperação e desenvolvimento, de defesa dos direitos humanos, de apoio e facilitação de processos de paz e reconciliação, de luta contra a pobreza e diálogo interreligioso.
O primeiro grande sucesso foi a mediação do processo de paz em Moçambique, após 16 anos de sangrenta guerra civil entre a Frelimo e a Renamo. O acordo foi assinado em 4 de outubro de 1992, em Roma. Nestes últimos 20 anos, é um dos raros países da África a manter a paz e estabilidade política.
— Os pobres são iguais, perto ou longe de nós. Porém, o nosso horizonte não pode ignorar o Mediterrâneo, nem a África. Quem se esquece do continente africano, se esquece de si mesmo — disse o monsenhor Vincenzo Paglia, da Comunidade de Sant’Egidio.
A ligação especial com o país lusófono levou a Comunidade de Sant’Egidio a escolher Moçambique como o primeiro a receber a implementação do Dream — o programa global de luta contra a AIDS e a má nutrição. A sigla em inglês Drug Resource Enhancement Against Aids significa um sonho que se transformou em realidade. Desde 2002, o programa tem obtido resultados concretos.
Atualmente está implementado em 10 países africanos, abrangendo um universo de quase dois milhões de pessoas. — Os alicerces do Dream são o tratamento com remédios antirretovirais, a prevenção vertical com a triterapia evitando a  transmissão da mãe para o filho, a formação do pessoal local, os laboratórios de biologia molecular e a luta contra a má nutrição — explicou Paola Rolletta, assessora de imprensa do programa.
Paola acrescenta que “não pode-mos esquecer que o Dream atua onde existem populações afligidas por uma crônica insegurança alimentar.”
— Não se pode pensar em combater o HIV sem enfrentar a má nutrição. Uma boa nutrição não cura a Aids, mas ajuda e é fundamental para complementar a terapia antirretroviral — ressalta.

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