HomeDREAMAgenzia Lusa (Mozambico) – SIDA: Ameaça de orfandade ensombra os dias de Chicala e Massango
19
Gen
2007
19 - Gen - 2007



Fonte LUSA. Notícia SIR-8682107
Temas: sociedade saúde moçambique áfrica

Pedro Figueiredo (texto) e Pedro Sá da Bandeira (foto), da Agência Lusa Maputo, 20 Jan (Lusa) – Fernando Chicala e Fernando Massango, duas crianças moçambicanas infectadas com o vírus da SIDA, têm muito em comum, sem o apreenderem ainda: a idade, cinco anos, e a sorte de ainda terem mãe que os leve à consulta.
Abrigados do sol ao colo das progenitoras, enquanto esperam pela sua dose diária de anti-retrovirais num centro médico da Machava, nos arredores de Maputo, Fernando Chicala e Fernando Massango têm a sorte de não incluir o grupo das 510.000 crianças órfãs da SIDA em Moçambique.
Mais: no universo de crianças moçambicanas a necessitarem de anti-retrovirais, incluem-se no pequeno universo (três por cento) dos que conseguem aceder regularmente ao tratamento, de acordo com dados do relatório "As Crianças e a SIDA", divulgado esta semana.
A "sorte" estatística não diminui, porém a tragédia pessoal de Chicala e Massango.
"Eu fiquei doente durante tantos anos. Desde 1997.
Não sabia o que era. Malária não era porque não passava.
Pensava que eram coisas de feiticeiras. Fui até Gaza a um curandeiro dizer que eram uns espíritos de casa que andavam atrás de mim", relata Fernanda Lanca, 32 anos, mãe de Fernando Massango.
Sentada à espera de consulta, numa espécie de sala de espera de cadeiras de plástico brancas dispostas em semi- círculo num jardim, Fernanda só tem um desejo para o pequeno Massango, que este ano "vai começar a estudar": "Espero que ele viva melhorÓ não morra e cresça bem".
De ar frágil, Fernando Massango esconde-se num silêncio envergonhado.
Tal como, ao seu lado, Fernando Chicala, que segura com força a capulana (pano tradicional moçambicano) da mãe, Laura António Sibango, que descobriu a doença que transmitiu ao filho quando começou a ter "problemas de inflamar".
"Andava sempre doente e então comecei a inflamar. Por isso fizeram-me testes", lembra, recordando o momento em que com o filho, então com dois anos e dois quilos, começou a fazer o tratamento com anti-retrovirais.
"Tenho dois filhos. Um não é positivo. Só eu e o segundo é que somos positivos", diz Laura Sibango, ainda vagamente consciente da precariedade que a doença lhe trouxe à vida.
Para si tem um desejo: "casar já não penso. Só penso ter uma boa vida, cuidar dos meus filhos". Para o filho, outro: "Estar bem, estudar, para me ajudar. Trabalhar porque eu já não posso trabalhar".
Sentadas no jardim, as duas mães esperam vez para entregar as duas crianças aos cuidados Noorjehan Abdul Magid, médica desde 1998, a trabalhar há cinco anos no centro "Dream" que a Comunidade de Sant’Egídio montou na Machava.
Pelo consultório de Nurja – como prefere ser chamada V já passaram histórias mais trágicas do que as que trazem pela mão Laura Sibango e Fernanda Lanca.
"No ano de 2005 havia uma menina de cinco anos que vinha aqui sempre com a mãe às consultas. Depois a mãe acabou por piorar e por morrer", relata.
E prossegue: "Depois chegou a altura do Natal. Damos sempre uma prenda a todas as crianças. Naq

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